João é um garoto com uma grande
imaginação. Ele quer encontrar a verdade. Na história, ele cresce de criança a
jovem adulto. No processo, ele conhece vários personagens que exercem
influência sobre ele. João, nome muito comum, significa qualquer um de nós.
Hoje vamos conhecer o segundo
personagem: Filho da Madrugada. Ele é o filho do sol. Ele sabe tudo sobre a natureza e ensina
João a entender a linguagem das plantas e dos animais. Filho da Madrugada
representa a imaginação das crianças pequenas.
E Filho da Madrugada riu e olhou tão confidencialmente nos
olhos do João que este se sentia maravilhosamente abençoado. "Hoje é o meu
aniversário", disse Filho da Madrugada, "nasci aqui nesta região dos
primeiros raios da lua e dos últimos do sol. Costuma-se dizer que o sol é
feminino. Isso não é verdade. Ele é meu pai".
João resolveu que no dia seguinte ia falar na escola do sol.
"E olhe só! Veja o rosto redondo e branco da minha mãe.
Olá mãe! Oh, oh, como ela parece bondosa e deprimida!"
Ele apontou para as Cordilheiras Orientais. Grande e
brilhante, a lua ergueu-se no céu cinzento, atrás das rendas dos salgueiros que
se destacavam pretas contra o disco de luz. Ela realmente estava com um rosto
muito doloroso.
"Ora! Ora, Mãe! Não é nada. Não se preocupe, posso
confiar nele!"
A bela criatura tremeu alegremente com suas asas de gaze e
bateu na bochecha de João com a flor de Iris que segurava em sua mão. "Ela
não aprova a minha aproximação de você. Você é o primeiro. Mas eu confio em
você, João. Você nunca deve mencionar meu nome a ninguém ou falar de mim. Você
promete isso?"
"Sim, Filho da Madrugada", disse João. Ainda era
tão estranho para ele. Sentia-se inexpressivamente feliz, mas temia perder essa
felicidade. Será que ele estava sonhando? Ao lado dele, no assento, Presto dormia
tranquilamente. O hálito quente do seu cachorro o tranquilizava. Os mosquitos
rastejavam na superfície da água e dançavam no ar ameno, como de costume. Era
tudo tão claro ao seu redor. Tinha que ser verdade. E ele continuava a sentir o
olhar familiar de Filho da Madrugada pousando sobre ele.
A voz de Filho da Madrugada era doce e murmurante:
"Eu sempre via você aqui, João. Sabe onde eu estava? Às
vezes, eu me sentava no chão arenoso da lagoa entre as plantas aquáticas densas
e olhava para você enquanto você se curvava sobre a água para beber ou para
olhar para os besouros aquáticos e salamandras. Mas você nunca me via. Muitas
vezes, também, eu olhava para você fora dos juncos grossos. Lá eu estou muitas
vezes. É onde eu costumo dormir, quando está quente. Num ninho de pardal do
junco.
Sim! Isso é muito suave'. Filho da Madrugada balançava
contente na borda do barco e golpeava os mosquitos com sua flor.
"Agora vim para fazer companhia. Caso contrário, sua
vida é tão monótona. Seremos bons amigos e eu vou contar-lhe muita coisa.
Coisas muito melhores do que aquelas que os seus professores lhe dizem. Eles
não sabem nada sobre isso. E se você não acreditar em mim, eu vou te mostrar e fazer
ouvir. Vou levar você comigo".
"Oh, Filho da Madrugada! Caro Filho da Madrugada! Você
pode me levar até lá?", gritou João, apontando para o lado onde a luz roxa
do sol poente acabara de brilhar a partir do portão dourado das nuvens. Já já o
glorioso colosso ia desaparecer em névoas cinzentas. No entanto, o brilho
vermelho pálido ainda reluzia das profundezas mais distantes. Filho da
Madrugada olhou para a luz que dourava seu rosto fino e seus cabelos claros e
balançou a cabeça suavemente. "Agora não! Agora não, João! Você não deve
pedir muito de imediato. Eu mesmo nunca mais estive com o pai".
"Estou sempre com meu pai", disse João.
"Não! Esse não é o seu pai. Somos irmãos, meu Pai também
é o seu. Mas sua mãe é a terra e, portanto, nós somos muito diferentes. Além do
mais, você nasceu em uma casa com seres humanos e eu em um cálice da flor
chamada “bom-dia”, o que é, sem dúvida, muito melhor. Mas vamo-nos dar
bem!"
Em seguida, Filho da Madrugada pulou levemente na lateral do
barco e beijou João na testa.
Que sensação estranha foi isso para João! Era como se tudo ao
seu redor mudasse.
Ele via tudo muito melhor e mais corretamente agora, pensou.
Ele via como a lua agora parecia muito mais amigável e que os nenúfares tinham rostos
com os quais o olhavam com admiração e pensativamente.
Ele agora entendia por que os mosquitos dançavam para cima e
para baixo tão alegremente, sempre um ao redor do outro; para cima e para
baixo, até tocarem a água com suas longas pernas. Ele já havia pensado nisso
antes, mas agora o entendimento era automático.
Ele também ouvia o que os juncos sussurravam e como as
árvores na margem lamentavam suavemente que o sol havia se posto.
"Oh, Filho da Madrugada! Obrigado, isso é maravilhoso.
Sim, vamos nos dar bem!"
"Dá-me a mão", disse Filho da Madrugada, e estendeu
as asas de muitas cores. Em seguida, puxou João e o barco sobre a água através
das folhas que brilhavam ao luar.
Aqui e acolá havia um sapo sentado numa folha. Mas agora ele
não pulava na água quando João passava. Ele apenas se curvou um pouco e disse:
"Quac!" João se curvava educadamente; ele não queria mostrar-se como
tudo fosse imaginário.
Finalmente chegaram aos juncos, que eram bem largos, e o
barco todo desapareceu neles, sem chegar à terra. Mas João agarrou-se
firmemente ao seu guia e juntos escalaram os altos talos até chegar em terra.
João pensou que tinha ficado menor e mais leve, mas isso pode
ter sido imaginação. No entanto, ele não se lembrava de que alguma vez tinha
sido capaz de subir num junco.
"Agora preste muita atenção", disse Filho da
Madrugada, "agora você verá algo interessante".
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