terça-feira, 19 de dezembro de 2023

História da Escravidão

 



Tráfico de escravos atlântico

A participação da República no tráfico de escravos atlântico era em média de cerca de cinco por cento, cerca de 500 mil pessoas. O tráfico de escravos pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (CIO) contribuiu para o status dos Países Baixos como uma potência econômica mundial, especialmente nos anos iniciais.

Já em 1528, um ‘asiento’ foi celebrado entre a Coroa Espanhola e os comerciantes Willem Sailler e Hendrik Eynger provavelmente do sul dos Países Baixos, para trazer quatro mil escravos da África para o Caribe durante quatro anos. No entanto, o tráfico de escravos foi inicialmente considerado imoral nos Países Baixos. Ia contra as normas e valores cristãos e, inicialmente, as pessoas se abstinham disso.

(Um asiento era um documento, incluído em alguns tratados de paz, pelo qual um grupo de comerciantes recebia o monopólio de uma rota ou produto comercial. Assim como a tabacaria, o asiento era uma licença emitida pela coroa espanhola, mas na qual um grupo de comerciantes e não indivíduos receberam o monopólio de uma rota comercial ou produto. – Wikipédia.)

 As primeiras ações dos neerlandeses no tráfico de escravos atlântico ocorreram dentro do sistema português. Neerlandeses a serviço de portugueses, ou capitães neerlandeses com licenças de portugueses, negociavam escravos. Este primeiro período é difícil de quantificar, mas em 1596 cento e trinta escravos foram trazidos para Middelburg (Cidade nos Países Baixos) por um capitão neerlandês, portanto o comércio já tinha um escopo bem claro. O abastecimento aos Países Baixos foi uma exceção, porque o comércio ia - ou via Lisboa ou diretamente - para o destino final.

Na guerra contra os espanhóis e os portugueses, a pirataria era legítima. Após sua fundação em 1621, esta foi o principal objetivo e fonte de renda da Companhia das Índias Ocidentais (CIO). Entre 1623 e 1636, 547 navios espanhóis e portugueses foram capturados. Então foi criado o ‘Grande Desseyn’, o Grande Projeto. O comércio português de cana-de-açúcar do Brasil tinha que ser minado para ser substituído pelo tráfico de escravos. Com a conquista da Frota da Prata em 1628, havia disponibilidade suficiente de dinheiro.

(A frota da prata ou frota das Índias foi um transporte marítimo anual de diversos metais (ouro e prata), pedras preciosas, especiarias, bens agrícolas (tabaco) e outros produtos exóticos das colônias espanholas para a Espanha. O transporte ocorria por meio de duas frotas, que se reuniam perto de Havana e que juntas partiam para a Europa. O valor da prata transportada era enorme; cerca de 12 milhões de ducados por ano e 25 milhões de ducados por ano no final do século XVI. Essa riqueza atraia todo os tipos de corsários e piratas, mas eles raramente conseguiam interceptar a frota. Uma das raras vezes que a frota foi interceptada, ocorreu em 8 de setembro de 1628, quando o almirante neerlandês Piet Heyn conquistou uma frota da prata. – Wikipédia)

Entre 1630 e 1634, Recife foi conquistada juntamente com grande parte da costa brasileira e tornou-se o Brasil neerlandês. Em 1637, foi capturado o Forte São Jorge de Elmina, na Costa do Ouro Africana (no Golfo do Benim), o núcleo central do tráfico de escravos dos portugueses. Nos séculos seguintes, esta fortaleza formaria um dos centros do tráfico de escravos da Companhia das Índias Ocidentais (CIO). Em 1641, Luanda (localizada na atual Angola) também foi conquistada dos portugueses. Por volta de 1700, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (CIO) possuía uma dúzia de fortalezas comerciais na costa da África Ocidental.

O tráfico de escravos neerlandês tomou grandes dimensões, com justificativa encontrada no livro bíblico de Gênesis 9 - no qual os descendentes de Cam são amaldiçoados à escravidão. Para manter a produção de açúcar, muitos fazendeiros portugueses na parte conquistada do Brasil conseguiram manter a sua fazenda. Isso exigia escravos privados. As visões sobre o tráfico de escravos pareciam ter mudado drasticamente. Os não-cristãos podiam ser vendidos como escravos.

A partir de 1640, o tráfico de escravos com o Brasil começou a declinar e o comércio foi deslocado para as colônias espanholas na América. Inicialmente, os comerciantes neerlandeses transportavam escravos para Buenos Aires e Rio da Prata, na atual Argentina, mais tarde o Caribe também se tornou alvo do tráfico de escravos. Quando o Brasil foi recapturado por Portugal, em 1654, cerca de 25 mil escravos já haviam sido desembarcados. Após essa reconquista, o cultivo da cana-de-açúcar foi transferido para o Caribe, e Curaçao, conquistado em 1634, tornou-se então o ponto de encontro de escravos neerlandês. Após a conquista inglesa da Jamaica, em 1655, tornou-se um importante mercado de trânsito de escravos para as colônias espanholas. Novos compradores também foram encontrados entre os ingleses e franceses que cultivavam tabaco nas ilhas que conquistaram no Caribe e na Virgínia, mas a maioria dos escravos foi para o Suriname, que estava definitivamente em mãos neerlandesas a partir de 1668.

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