sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Contos da Adriana Oliehoek


Meu diário

As folhas do pequeno caderno medem a metade de um A4 e são mantidas unidas por um espiral dorsal. Assim como Anne Frank, quero confiar todos os meus segredos a um diário. Ninguém pode saber. Nem a minha mãe. Espero ainda mais um dia, pois não consigo soltar a promessa doce e elétrica da folha em branco. Depois, cuidadosamente, escrevo as primeiras letras na folha vazia. Transformados em tinta azul e legíveis para todo o mundo, os meus pensamentos mais profundos surgem no papel branco.
Assustada, procuro um lugar em casa onde ninguém possa encontrá-lo. Perseguida pela zombaria e risos mortíferos dos meus irmãos, me refugio no sótão, onde sei que está escondido o presépio atrás de uma cortina, lá onde o telhado inclinado quase toca no chão do sótão. Escondo o caderno no meio das imagens embrulhadas em jornais. Depois de algumas horas, passo a procurar outro lugar. Imagens, mesmo sendo de santos, não vão proteger os meus sentimentos. Em lugar nenhum encontro um espaço adequado. Não tenho quarto próprio, nem cama própria, pois tenho que dividir uma cama de casal com a minha irmã. Aqui em casa, nem o traseiro é da gente diz a minha mãe, cada vez que brigo com meus irmãos dizendo que a cadeira é minha porque peguei primeiro.
O meu diário só viveu três dias. As folhas escritas desaparecem em pequenos pedacinhos no meio do lixo, num riacho atrás da casa.

2 comentários:

  1. Grappig! Had wel een vertaalmachine nodig om er achter te komen waar dit over ging.
    liefs van je zus

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  2. Leuk te horen dat je het grappig vond. Ja, je zult er niet veel van begrijpen, maar nu je weet dat 'mijn dagboek" hoef je het niet meer te vertalen. Liefs. Je broer.

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